Milhares de pessoas em Belém celebram
nossa Senhora, milhões de Gays e simpatizantes vão às ruas no Rio de Janeiro,
outros milhões de evangélicos lotam as ruas proclamando sua fé, mas quando se
trata de uma passeata contra a corrupção, ou de atos de movimentos sociais
sérios como o MFST, que buscam o resgate da dignidade do cidadão fortalecendo
assim a sociedade se deparam com uma grande barreira, a perca de identidade,
pois somos filhos de uma nação injusta, que a cerca de cinqüenta anos atrás ainda
nos colonizavam a filhos de outra pátria.
Nós negros, que somos a maioria,
filhos e construtores dessa nação soberana ainda vivemos a esperança de vermos
a partilha de nossa terra, enquanto isso vivemos nos morros, alagados e encostas,
nas favelas e palafitas no total desprezo sem qualquer respeito daqueles que nunca
souberam o que é estar escravo, pois nasceram em berços de opressores e até
hoje se apropriam das nossas riquezas.
A perda da identidade é tão
brutal que leva a perda de endereços, a maioria dos nossos jovens não se
permite postar fotos em suas redes sociais de onde moram, geralmente suas fotos
são em praças, shoppings ou beira mar.
Uma história de escravidão, que
destruiu nossos sobrenomes, uma mídia burguesa, que afasta nossos jovens de sua
realidade oferecendo mundos de fantasias contribui para o agravamento desse
quadro.
Tenho a Certeza de que a luta do
MFST, não é apenas por moradia, mas é antes de tudo um resgate da nossa identidade,
nas cidades onde temos cadastrados centenas e milhares de pessoas ainda vemos
muitos de nossos irmãos, que se envergonham de sua situação de sem teto, eles
não conseguem entender que são vítimas de um poder simbólico malditas.
É legítimo lutarmos por uma
sociedade fraterna e justa, onde todos possamos exercer nossa fé, onde cada um
tenha a liberdade de escolher com direito ao respeito sua opção sexual, e mais,
que cada um de nós brasileiros possamos ter o que nos garante a constituição
brasileira no artigo sexto, nossa moradia.